Por Rafael Simões

Conhecer o modus operandi (modo de operação) do nosso inimigo é de vital importância para obter sucesso diante de suas investidas contra nossa santidade. Ao olhar para a Escritura, é possível observar um padrão, especialmente em três áreas em que somos tentados.

Eva foi a primeira a ser tentada nestas áreas, as mesmas em que somos também testados. Quando a ela fora oferecido se apropriar do fruto da única árvore proibida em todo o jardim, a serpente propôs que tal fruto era (1) agradável aos olhos, (2) boa para se comer, e (3) desejável para se obter entendimento.

Quando se lê apenas essa descrição, pode-se ter a impressão de que Deus é um sátiro, que colocou no jardim apenas uma árvore com fruto atraente, enquanto todas as outras produziam frutos murchos, desagradáveis e sem graça. Um olhar mais atento para a criação descrita no capítulo 2 revela exatamente o contrário. O versículo 9 diz que “Deus fez nascer do solo todo tipo de árvores agradáveis aos olhos e boas para alimento” (NVI). O que a tentação faz é elevar o proibido ao nível de exclusividade no prazer.

Por exemplo: a comida, o sono, o sexo, a bebida e a risada foram criados por Deus para conceder prazer à humanidade. A gula, a preguiça, a orgia, a bebedice e o cinismo maldoso são maneiras pecaminosas de desfrutar os prazeres concedidos por Deus. A tentativa do inimigo é colocar em nossas mentes que apenas a comida é insuficiente para dar prazer; que é necessária a gula. Da mesma forma, o Diabo tenta impor que o sexo dentro do casamento com apenas uma mulher durante toda a vida é sem graça; apenas as orgias satisfazem o homem. E assim por diante. É exatamente isso que a serpente fez, ao colocar no coração de Eva a exclusividade daquele fruto proibido para satisfazer seus desejos, enquanto todos os outros tornaram-se desprezíveis e insignificantes.

1João 2.16 descreve as áreas em que um cristão é tentado. Não é de surpreender que sejam as mesmas três áreas: (1) a concupiscência dos olhos, (2) a concupiscência da carne, e (3) a soberba da vida. A tentativa do inimigo vai ser sempre nos seduzir pelos olhos, pelos prazeres da carne e pela ostentação no modo de viver. E, como fez com Eva, tentará reduzir em nossos corações todas as coisas lícitas como insuficientes.

Em meio a tantos casos de pessoas que vacilaram diante das investidas diabólicas, há alguém que fora tentado nas exatas três áreas, mas venceu. Há um paralelo muito interessante entre a tentação de Jesus, a enfrentada por Eva em Gênesis 3.6 e a descrição dos aspectos da tentação para todo cristão em 1João 2.16. A primeira tentação de Jesus encontra paralelo na percepção de Eva de que o fruto proibido era agradável aos olhos, o que João descreve como concupiscência dos olhos. A segunda tentação possui paralelo com a frase de Eva de que a árvore era agradável para obter entendimento, descrito por João como a soberba da vida. Por fim, a terceira tentação reflete o fruto bom para se comer e a concupiscência da carne descrito por João.

Tanto Moisés como João descrevem as lutas comuns a todos os homens, que também foi característica na vida de Jesus Cristo. Por Jesus reviver a história de Israel, ele enfrenta as mesmas dificuldades e provas do povo veterotestamentário de Deus: o sustento, a proteção e a posse da terra. Por ser nosso salvador exemplar, Ele nos fornece esperança diante de nossas lutas, nos dizendo diariamente: é possível.